24 de agosto de 2009

Hoje à noite tive um insight. Não desses raios fulminantes de inspiração que nos caem na cabeça às vezes, foi mais algo do tipo constatação que leva ao contentamento. Não sei se vou conseguir traduzir tudo o que me veio aqui em palavras, mas farei um esforço. Não é segredo que minha auto-estima de vez em quando entra em crise. Uma das causas dela é que eu nunca consegui me lembrar das minhas aventuras e desventuras amorosas sem uma dose dupla de culpa. E tenho exemplos bem específicos que me vinham à cabeça, sempre que enveredava por essa trilha.

Lembrava da Juliana, uma menina que no final do ginásio gostava de mim. Só que naquela época eu estava no auge do um-dia-que-ninguém-me-zoa-nem-me-chama-de-nomes-é-um-ótimo-dia. Nem pensava em namorar, muito menos em ficar, e só queria fazer parte da turma. Depois teve o Humberto, que eu jurava, durante o colegial, que estava a fim do Luis, um outro menino problemático da nossa galera. Qual não foi o meu choque quando soube que ele estava a fim de mim! E nessa época eu estava agarrado ao armário como se fosse a tábua dos Dez Mandamentos, não sairia de lá nem arrastado. Acabei inventando que estava a fim da Camila, criei uma situação toda na minha cabeça e simplesmente me convenci que era realidade, tudo pra não enfrentar meus reais desejos. Por último, já prestes a me assumir e assumir para a família, em uma festa de Halloween, um menino que era uma graça veio conversar comigo e disse que EU era uma graça. Fiquei petrificado. Não soube reagir, tive medo porque estava lá em companhia da Cintia, uma amiga de longa data pra quem eu não imaginava ainda como contar tudo. Acabei inventando uma desculpa esfarrapada, e tchauzinho oportunidade...

Bom, de certa maneira acabei enfrentando esses fantasmas do passado. Contei tudo pra Cintia e hoje não temos mais segredos, dividimos tudo o que acontece, para o bem o para o mal. Fiquei com o Humberto uma vez em que nos reencontramos, há alguns anos. Não vingou, acho que o timing estava errado, mas nem me importei muito. A diferença é que antes, quando essas situações me vinham à mente, eu me recriminava, cobrava que devia ter agido de outra maneira, ter sido mais safo, mais ligado, ter mais malícia...

E hoje, pela primeira vez que consigo me lembrar, pude olhar pra trás e não pensar no que eu poderia ter feito, mas entendi que agi da única maneira que poderia ter agido (E aqui chego na parte que fica difícil traduzir em palavras). Posso aceitar que, quer meu subconsciente tenha me protegido de situações que eu não estava maduro para enfrentar, quer eu tenha dado uma sorte danada de não ter entrado nessas roubadas com pessoas mais problemáticas do que eu, foi assim que aconteceu. E, embora pudesse ter sido muito legal, nada disso me impediu nem me impede de viver tantas outras coisas tão boas quanto. Então só pode ter sido para o melhor! (Esse foi o insight: poder olhar pra trás sem cobrança, mas com compaixão!)

Então, esquecendo um pouquinho que isto é um espaço público à deriva na internet:

Fernando de ontem, eu perdôo você! Você pode não ter tido o savoir faire, a presença de espírito para enfrentar a vida que sempre achei que deveria ter, mas foi honesto com você mesmo. Não cedeu naquilo que contava de verdade. E por isso, se não por tudo mais, eu só possi dizer... obrigado!

2 comentários:

Alexandre Lucas disse...

Que venham muitos mais insights.

Mauri Boffil disse...

Ai, que venham mais insights!
Eu tb ando tendo alguns