13 de outubro de 2012

Wicked Fun!

É tarde, eu sei, tecnicamente nem estamos mais na sexta-feira, mas é tanta coisa acontecendo que simplesmente não dá tempo de registrar tudo aqui. Então vou condensar os dois dias mais importantes dessa viagem em um só, porque é mais fácil do que tentar colocar em palavras aquilo que não tem tradução. Quer dizer, escritores melhores do que eu conseguem, mas como o intuito aqui é apenas fazer um registro mesmo, vamos lá:

Esta quinta-feira começou com a abertura da Comic Con, que por si só foi o que suscitou toda a viagem. Tudo bem que eu confundi o horário, e acabei indo lá pra pegar minha credencial às 11h, quando o show só começaria às 15h. Não tinha cogitação ficar na fila por mais de 4 horas esperando pra um negócio que eu só ia poder ficar duas horas, então saí e fui conhecer um pouco mais do centro da cidade, e acabei encontrando uma loja da pechincha, chamanda Century 21. Comprei algumas lembranças e itens de primeira necessidade - leia-se calça jeans - e fui bater perna. O que mais tenho feito nesses cinco dias, aliás, credo. Enfim, depois fui pra convenção mesmo e o negócio é IMENSO. Simplesmente tem um monte de pavilhões, salas e tal. Tem uma área só para criadores! Foi ótimo ver as pessoas que criam, escrevem e desenham os quadrinhos autografando seus trabalho. Pude falar um pouco com o Ivan Reis, um artista brasileiro que tá bombando nos Estados Unidos (já desenhou Lanterna Verde e agora é o responsável pela arte da Liga da Justiça). Ele foi muito simpático, e autografou um poster do Batman para mim. Eu parecia uma criança, sério mesmo.

À noite foi a vez de ir assistir Wicked, mas antes da peça tive a oportunidade de conhecer o Ben Cohen, ex-jogador de rúgbi convertido em agente social antibullying. O cara é simplesmente o máximo. Educado, lindo, atencioso, lindo, um cavalheiro... e eu acho que já mencionei mais vá lá: lindo de morrer. Entre gaguejos e tropeços, ainda que ajudado por uma taça de vinho, consegui falar pra ele que o trabalho da ONG que criou é muito importante porque chega até países como Brasil, nos quais todo mundo acha que é liberal, mas a realidade é bem a outra. E ele agradeceu, e tirou uma foto comigo! Claro que ele não vai guardar meu nome nem minha existência, mas tá valendo. Para mim foi um momento especial, e só isso já tá valendo.

Hoje foi o segundo dia da Convenção, e estava muito mais cheio do que primeiro, que tinha sido restrito a profissionais e a quem comprou o ingresso pro evento completo. Como eu planejei errado minha visita ao bairro do SoHo, acabei chegando em cima da hora pra ter um livro autografado pela Anne Rice. Uma pena, seria uma oportunidade única para poder falar com ela, mas não rolou. Acabei apenas assistindo a participação dela em um dos paineis, mas tá valendo. A mulher é um fenômeno mesmo, e você ver um autor que sempre te alcançou assim tão acessível é inspirador, pra dizer o mínimo.

E pra encerrar essa semana (útil) histórica, eu fui assistir a Fuerza Bruta, um espetáculo de dança moderna que teve uma curta passagem pelo Brasil mas eu perdi. E eu devo dizer: valeu cada minuto. Eu tava quebrado por andar o dia inteiro e quase congelar na balsa de Staten Island para tirar fotos boas da Estátua da Liberdade, mas tudo isso saiu da mente durante o espetáculo. Foi maravilhoso! Indescritível! Saí de alma (literalmente) lavada! Registro aqui o que tenho em foto, e quero levar pra sempre comigo essa lembrança é algo realmente sem preço.

Ah, já ia me esquecendo do musical em si, o Wicked. Olha, eu nunca vi musical no Brasil, então não sei como é, mas a produção é uma coisa assim de outro mundo (de Oz, talvez?). E as atrizes? E as músicas? Glee tinha feito uma versão de Defying Gravity, mas ver a pessoa ao vivo, chegando àquelas notas altíssimas... Olha, vontade de ver de novo... e de novo.. e de novo...

Com isso tudo, que não foi pouco, eu chego no meio do caminho da viagem. E ainda tem todos os museus e o Jardim Botânico pra visitar. Nem sei o que eu vou fazer... Só sei que vai ser duro superar a realização que foram esses dois dias, e por isso mesmo amanhã quero aproveitar que tão dizendo que vai ser congelante e descansar. Arrumar a mala que já tá uma zona, curtir um pouco os mimos que eu já comprei e me preparar pra esses últimos dias. Nunca imaginei que seria tão bom...

10 de outubro de 2012

Obama nas alturas

Aqui estou, desta vez já no trem voltando para Nova York, após passar a noite e a manhã em Washington. Na verdade eu queria aproveitar pra dormir, já que não tenho pregado o olho nessas viagens, mas houve um problema com um trem à frente do nosso e isso deixou o pessoal um pouco excitado e com vontade de conversar. Aliás, essas são a diferenças para os trens do Brasil: existe o carro de primeira classe, dois carros quietos nos quais não se pode conversar ou falar no celular igual em uma biblioteca (claro que eu fiquei nesse, ainda bem que teve uma moça muito simpática que me explicou isso ontem), um carro-restaurante pra você comer sua marmita e o resto de carros comuns. O que é igual? Pelo visto, o fato de que sempre ocorrem problemas e atrasos. Deveria chegar às 18h30, vamos ver que horas vai ser. Mas esse sou eu cansado e com sono, tendo a ficar com bico e reclamão, portanto vamos à parte boa.

A cidade de Washington é linda, fiquei mesmo impressionado. Tudo bem que eu fiquei só na parte de turista mesmo, mas ainda assim é uma senhora estrutura e uma arquitetura que eu não conseguia imaginar. O hotel foi um capítulo à parte, valeu o investimento. O custo fica meio proibitivo para uma estada mais longa, mas para uma noite só foi pura diversão. O recpcionista era uma graça, chamava-se Lance. Mas eu estava tão nervoso e cansado quando cheguei que nem deu pra tentar conversar direito. Eu respondi ok, ok, peguei meu cartão e subi. Pena.. Também decidi dormir cedo pra poupar forças e não fui para o bar que tinha conferido antes na internet. Cheguei à conclusão de que você tem de optar: ou bebe, ou anda pra burro no dia seguinte. Como minha ideia é não pegar táxi, vamos então de caminhada.

E como eu caminhei! A cidade é linda mesmo, e dá a impressão de que pra onde você se virar tem um momumento. Tirei bastante fotos! Só não deu pra ir no Lincoln Memorial e na National Gallery of Art, o tempo não ia permitir. Acabei indo ao Newseum (o museu da notícia, muito interessante e não só para jornalistas) e ao Museu Aeroespacial. O primeiro foi ótimo, tinha uma exposição das grandes investigações do FBI, uma sobre as campanhas para presidente nos Estados Unidos, e outra sobre todas as fotos ganhadoras do Prêmio Pullitzer ao lingo dos anos. No museu Aeroespacial pude tocar numa rocha da Lua, entrar num módulo da estação espacial e ainda fui ao Einstein Planetarium assistir a um filme curto sobre Mundos Inexplorados. Nunca tinha ido num planetário, isso sim é que é 3D, é uma sensação incrível.

E essa foi minha curta passagem pela capital dos Estados Unidos, uma cidade para a qual vale a pena voltar, e espero um dia realizar mais essa façanha :-) . Amanhã começa a tão aguardada Comic Con, e à noite ainda terei a grande chance de conhecer o Ben Cohen. Não fossem minhas pernas estarem tão cansadas de andar, minha cabeça não me deixaria dormir de tanta ansiedade!

9 de outubro de 2012

A viagem dentro da viagem

Como as coisas se modernizam, não? Estou escrevendo este post a bordo do trem que vai me levar para Washington. No momento estou olhando para essa paisagem tão diferente e ao mesmo tempo semelhante a qualquer vista de uma viagem. Assim como não dá pra dizer que o Brasil inteiro é como São Paulo, realmente não dá pra dizer que Nova York resume os Estados Unidos. Os clichês dos filmes, as casinhas de madeiras todas iguais até onde a vista alcança, as cercas pintadas de branco e os gramados de entrada, com as árvores realmente de folhagem verde, vermelha e dourada por causa do outono... É tudo assim mesmo. Não é à toa que tantos estudantes de universidade buscam as cidades grandes depois de saírem das casas dos pais. Mas quem disse que no Brasil é diferente? Basta ir para essas cidades do interior, sei lá, de Minas Gerais, do Mato Grosso, que dá para entender que o deslumbramento é o mesmo.

Quanto a mim? Não sei dizer. Me sinto mais seguro hoje, podendo comprar as coisas sem problemas e entrando nos lugares sem hesitar. Mas é realmente uma lição de humildade ver que, por mais que você estude inglês e leia e veja filmes e ouça músicas, nada prepara para a velocidade com que os nativos falam. Alguns atendentes de loja repetem beeeem devagar, como se você fosse meio lerdo, enquanto nas lanchonetes eles preferem resumir, hehehehe.... Hoje para o almoço eu pedi um sanduíche de pizza de pepperoni - muito bom por sinal, se tiver a chance vou repetir. Mas a moça do atendimento falou um negócio que até agora não sei o que é. Só fui entender quando ela perguntou se eu queria no pão preto ou no pão branco. Pelo menos entendi quando o outro atendente me perguntou dos acompanhamentos, porque consegui evitar que fosse alguma coisa desagradável parar no meio. Acabou ficando bem gostoso mesmo!

Na hora que voltei do almoço, um susto: a companhia de trem me enviou um email dizendo que o trem tinha reservado tinha sido cancelado. Momentos de pânico; tentei ligar para a empresa mas quem disse que me entendi com esses menus de autoatendimento? Se nem em português a gente consegue ficar sem se perder, imagina em outra língua! Acabei arrumando as coisas correndo - lutando para não esquecer nada! - e fui pra estação Pennsilvania. Acabou que a funcionária foi super simpática e me informou que eu poderia embarcar no trem seguinte, apenas 40 minutos após o outro que estava programado. Ufa! Respirei aliviado e ainda deu tempo de conferir onde fica o Javits Center para quando começar a Comic Con na quinta-feira. E o que poderia ter estragado meu dia serviu para dar um gostinho de aventura nessa minha empreitada.

Agora estou na Filadélfia, uma cidade um pouco maior e muito bonita! Com o trem parado, estou vendo algumas crianças jogando numa quadra. Futebol? Não! Hóquei na grama! Só pra lembrar que as coisas são parecias no conteúdo, mas a forma é completamente diferente!

A Chegada

Então é isso, assim completo minhas primeiras 24hs em Nova York. A sensação ainda é de bastante estranheza, mas acho que é mais pelo cansaço e expectativa da vinda do que pela cidade em si.

O voo para cá foi bastante cansativo - apesar da vantagem de ser direto é muito desconfortável ficar 10hs sentado numa cadeira. Nem sei se quem viaja de primeira classe se dá muito melhor, mesmo porque a classe econômica me pareceu bastaaante confortável quando comparada às poucas vezes em que viajei de avião antes. Também tive sorte de serem pessoas agradáveis (ou pelo menos inócuas) ao meu lado, então o único problema foi o meu desconforto e a tendência natural de perder o sono nas primeiras noites em que estou fora de casa.

A chegada em si foi tranquila. A passagem pela alfândega, checagem de passaporte levou cerca de meia hora e nem me perguntaram muita coisa. Nem tiraram todas as minhas digitais, mas acho que foi mais porque meu passaporte e visto já são no modelo novo - ainda bem. No aeroporto, não quis confiar nos caras oferecendo táxi, e acabei reservando um carro particular, que eles chamam de limo - não serve só para limusine, apesar que o mais barato já é um puta de um sedan, um Lincoln. Nem dá para descrever. O motorista, um indiano ou paquistanês chamado Rajit, foi bastante simpático, me mostrou as obras no novo WTC, a ONU, e consegui umas fotos lindas do amanhecer na Ponte do Brooklyn.

O hotel também é bem bacana, o recepcionista também me ajudou super já fazendo o check in desde o dia anterior. Também descobri que no último dia após o checkout eu posso deixar as malas numa área do lobby e pegar só quando for para o aeroporto. Cena engraçada do dia: o recpcionista fazendo mímica para um casal de alemães para explicar como funcionava o chuveiro e não a banheira. Nas palavras dele: "Aqui nós trabalhamos num circo"! Mas eu tentei não rir, porque eventualmente eu também vou fazer alguma pergunta estúpida (ou várias) nesses dez dias.

Mas esse primeiro dia eu tinha reservado mesmo para me aclimatar à cidade, ver como eram as coisas, se eu conseguiria me adaptar ao sistema de Metrô. Embora eu tenha tido uma certa dificuldade com a máquina de venda e para passar o bilhete em si na primeira vez, consegui me orientar superbem nas estações e nas linhas e entradas que são um pouco diferentes, mas não tanto assim do Metrô de São Paulo. O resto do dia foi dedicado às compras mais prementes, uma câmera digital decente e um iPad novo - porque eu também mereço uma extravagância de vez em quando.

A maior dificuldade mesmo foi superar a timidez na hora de comer. Se isso já é uma dificuldade para mim falando português, imagina em outra cidade, em outra língua e sozinho. Na hora do almoço apelei para o mal conhecido e fui comer no Applebee's, não só para comparar com o que eu conhecia como também para comprovar que é mais barato, mesmo na conversão, do que o do Brasil. Já na hora do jantar foi mais complicado, confesso que não me animei a entrar em nenhum dos bares ou restaurantes que vi mais cheios no bairro do SoHo. Acabei comprando um lanche e umas barrinhas para comer em uma Deli e voltei para o hotel por volta das 20h30. O que não foi ruim porque só tinha descansado mesmo por uma horinha à tarde, então deu para me recompor para esse primeiro dia de verdade.

O balanço do dia então é esse: a ficha ainda não caiu de todo, mas estou aqui, e essa realidade é imutável. O mundo ficou maior.