31 de agosto de 2010

Memê de um Mês

Não sei direito se a ideia de memes é ser convidado para participar, ou se é permitido aderir a um e decidir escrever a respeito. Mas, como não tem muita gente me lendo desta vez (e eu agradeço os que passam por aqui), e pra falar a verdade tenho me sentido um pouco solitário, resolvi começar este, e ver se consigo mantê-lo. Me parece interessante, porque dá uma oportunidade de você tornar alguns detalhes que nem todo mundo conhece... conhecidos. Vamos lá, são 30 posts em 30 dias. Talvez eu faça alguns retroativos até colocar tudo em dia, mas os temas são:

Dia 1 - Sua música favorita
Dia 2 - Seu filme favorito
Dia 3 - Seu programa de TV favorito
Dia 4 - Seu livro favorito
Dia 5 - Uma citação de alguém
Dia 6 - Uma experiência inesquecível
Dia 7 - Uma foto que te faz feliz
Dia 8 - Uma foto que te deixa irritado/triste
Dia 9 - Uma foto que você tirou
Dia 10 - Uma foto sua há mais de 10 anos
Dia 11 - Uma foto sua recente
Dia 12 - Um conto
Dia 13 - Um livro de ficção
Dia 14 - Um livro de não-ficção
Dia 15 - Uma fotomontagem
Dia 16 - Uma música que faz você chorar (ou quase)
Dia 17 - Uma obra de arte
Dia 18 - Um poema
Dia 19 - Um talento seu
Dia 20 - Um hobby
Dia 21 - Uma receita
Dia 22 - Um site
Dia 23 - Um vídeo do youtube
Dia 24 - Seu lugar preferido
Dia 25 - O seu dia, em grande detalhe
Dia 26 - Sua semana, em grande detalhe
Dia 27 - Este mês, em grande detalhe
Dia 28 - Este ano, em grande detalhe
Dia 29 - O que você espera, os sonhos e planos para os próximos 365 dias
Dia 30 - O que você quiser
Dia 31 - O bônus ou o fim

29 de agosto de 2010

Tempus Fugit

Nos últimos dias tenho tentado retomar o contato com a rotina, restabelecer algum sentimento de que as coisas caminham para alguma direção. Já não estou tão revoltado com o fato das pessoas terem vida própria (eu sei, cada ideia que me surge, hã?), e que o universo não gira ao meu redor. Já li em algum lugar que somos todos protagonistas de nossas próprias peças, mas isso não quer dizer que o roteiro seja fechado, afinal o fator Desígnio é o que diferencia a Arte da Realidade que ela imita, não? Ou seja, não adianta fazer planos que dependam de outras pessoas, ou querer antecipar cada movimento alheio como se o mundo fosse um imenso tabuleiro de xadrez.

Paralelo a isso, encarei a verdade entre essa vontade de sair e curtir o mundo lá fora, e a necessidade de me isolar em casa. Claro, não é um processo simples, de fácil solução, mas o principal benefício de ter encarado e reconhecido que essa contradição existe é que eu pude me dar algo precioso: tempo. Tempo para refletir, tempo para sentir realmente o que eu desejo e tempo para poder agir sem medo dos resultados, uma vez que eu tenha certeza do que eu quero. A esperança em dias melhores do post abaixo será fundamental para os próximos dias. Que venha setembro!

25 de agosto de 2010

No fundo da caixa de Pandora

Não é de hoje que reservo a quarta-feira para pensar mais a respeito da vida e produzir (só um pouquinho) menos no trabalho. Agora que retomei a psicoterapia, então, isso vale em dobro. Mas esta quarta foi diferente, pois em vez de sair do consultório com minha cabeça pesando o dobro com tanta coisa para digerir, até que saí mais leve, reconhecendo uma virtude tão pouco valorizada hoje em dia: esperança. Já devo ter falado dela antes, mas nunca é demais repassar. Não é ser Poliana, longe disso, mas é reconhecer que as coisas tendem a melhorar. E que essa melhora, por mais que seja cômodo colocar a responsabilidade no Outro, só vem mesmo de dentro.

Esse é o significado das minhas duas tatuagens até o momento. Um tubarão (água), significando que em certas ocasiões eu só posso contar comigo mesmo, e uma fênix (fogo), simbolizando o fato de que não há nenhuma situação insuperável. Já escolhi o significado da terceira (ar). Também tem seu significado, mas isso só quando estiver realizado mesmo...

24 de agosto de 2010

A fina linha

Não ando muito legal para escrever de maneira coerente, mas vamos fazer um esforço em nome da constância e dos bons hábitos a serem mantidos. Tem sido um desafio sério manter em xeque a intransigência com as coisas que penso estarem erradas ou malfeitas, essa mania de ser a palmatória do mundo, que sai às vezes do controle. E é ainda pior quando eu me sinto ludibriado, ou pior, quando percebo que tentaram me ludibriar, me fazendo acreditar em uma coisa que no final mostrou ser outra. É uma das poucas, bem poucas coisas que me tiram do centro, me desaprumam. Sei que todos têm seus interesses, e acho que cada um tem mais que buscar mesmo o que é melhor para si, mas usar de subterfúgios e desculpas para isso é tão... desnecessário. É nivelar por baixo. Acho que é isso que me deixa tão azedo, esse verniz que as pessoas usam para justificar sua própria covardia, pintando-a de "consideração" ou "civilidade".

Para quê? Para quem? Me considero muito mais respeitado por quem é direto e honesto comigo, ainda que possa ser brutal. Sei que sou imaturo para inúmeras situações, mas estou aprendendo, e uma das lições que estou assimilando melhor é que não dá pra ser gostado e aceito por todas as pessoas, e que na verdade eu não preciso ser aceito por todas as pessoas para ser gostado por quem interessa de verdade. Tenho poucas convicções na vida, procuro me reservar o direito de ter manter pelo menos meus conceitos flexíveis. Mas duas delas não dá pra abrir mão: não preciso de gente grossa e de baixo nível na minha vida. E não aceito também na minha vida quem não tem a coragem de ser franco comigo, e menos ainda a competência para não deixar transparecer a sua duplicidade.

Hoje em dia, em tempos de Internet, Deus sabe como é fácil você expurgar uma pessoa da sua vida - e como eu já fiz isso várias vezes sem pestanejar. Com algumas (poucas) pessoas que valiam muito a pena, retomei a amazidade, de maneira ainda melhor do que antes, espero. Com outros, nunca mais é muito cedo para vê-las novamente. Não quero apelar para isso, porque ainda acredito que boas amizades podem surgir, não é possível que eu tenha gastado a minha cota de tolerância a novos contatos. Mas mentir logo de cara, e sem necessidade... eu prefiro um passa-fora bem dado.

23 de agosto de 2010

Mais uma vez, com emoção...

Nada como um dia depois do outro. Ou um fim de semana, no caso, para colocar as coisas em perspectiva. Fiquei meio brochado com a história dos posts escancarados no facebook, mas já estou superando. Também estou tendo de lidar melhor com a rejeição, com esse conceito, um pouco absurdo para mim, confesso, de que não dá pra agradar todo mundo. Ainda fico bastante abalado quando me sinto preterido pelos amigos, e digamos que isso aconteceu vezes demais nesta semana que passou, mas também estou aprendendo a sublimar isso. Nossa, mesmo lendo eu mesmo essas linhas que escrevi, soa booooooring demais. Mas tudo bem, a vida não dá pra ser só preenchida com grandes acontecimentos.

Pelo menos para esta semana quero continuar me preocupando menos com as coisas que eu não posso resolver, e fazendo bem aquilo que eu já faço: cuidar da minha vida. Essa fase de repensar e redefinir conceitos é complicada porque a tentação de sentar e esperar a tempestade passar é muito grande, mas não dá pra desistir ou deixar de lado aquilo que já tá rolando. Então, o show tem que continuar.

O que rolou hoje? Nada de extraordinário, embora eu esteja fazendo malabarismos aqui para cobrir uma mancada que eu dei no trabalho. Na verdade acho que vou seguir o Tao de Dawson (não dá pra explicar a referência fácil aqui) e não fazer nada, deixar a situação desenrolar por si só. Como sempre que eu meto a mão demais, a coisa desanda, desta vez eu vou esperar a pancada primeiro para depois correr atrás do curativo.

20 de agosto de 2010

Na Beirada

Tem semana que são difíceis, mas esta foi particularmente espinhosa. Matar um leão por dia é algo a que se acostuma no meu trabalho, mas às vezes é cansativo e não dá pra deixar de pensar se o esforço vale a pena. Se for pelo lado da evolução profissional, das habilidades desenvolvidas, e até mesmo da escalada de postos e da remuneração hoje à altura do trabalho empreendido, vale sim, claro. Mas... para quê? Com que objetivo? Alimentar um consumismo tão sem sentido quanto qualquer outra válvula de escape que se encontra pra afastar o desespero? E ainda assim, algumas pessoas ficam se apegando a detalhes tão bestas, tão mesquinhos... Só pode ser pra manter o tédio em xeque.

Ando meio de mal com a raça humana. Nunca fui de sutilezas, subterfúgios ou joguinhos. Nunca gostei de tons de cinza. Porque as pessoas não podem ser diretas? Ou você gosta de alguém, e quer essa pessoa por perto, parte de sua vida, ou não se gosta de alguém, e não se quer essa pessoa como parte de nada. Simples, rápido e indolor. Bom, talvez não indolor, mas pelo menos mais honesto, mais possível de se enfrentar e superar as coisas ruins e valorizar as boas.

Que raio de convenção ou trava ou adestramento diz que não podemos ser sinceros com nossos sentimentos e nas relações pessoais? Em nome somente do ego mantemos as pessoas por perto, para alimentar a vaidade de nos sentirmos desejados, e necessários? Isso me consome demais, e cada vez mais. Uma equação que eu não consigo resolver, por mais que gaste neurônios pensando nisso. E também não consigo desligar essa corrente de pensamento. Como faz?

17 de agosto de 2010

Mais reencontros

Acho que eu precisava mesmo cometer o facebooquicídio, porque não estava conseguindo raciocinar com essa coisa a me incomodar lá no fundo. Hoje o dia foi bastante produtivo, rendeu no trabalho, e as pessoas para variar estavam empenhadas. Seria ótimo se continuassem assim por um longo tempo. E o dia ainda rendeu mais um reencontro inesperado.

Um dos jornalistas que compareceu a um evento organizado pela agência onde eu trabalho revelou ser um colega de faculdade que eu não via há uns 8 anos. Colega talvez já seja esticar o termo, porque acho que nós conversamos apenas algumas poucas vezes, dava pra contar nos dedos de uma das mãos. Mas ele também se lembrava de mim, e isso foi bem legal. Mesmo porque, eu estava, em 2002, apenas começando a me aceitar como gay, e depois de tantos traumas e bullying desde o ginásio, não era fácil para mim fazer amizade com héteros. Ele sempre me pareceu me tratar numa boa, sem preconceito nem reações não-naturais, acho que com a segurança dos bem resolvidos que não acham que a gente vá avançar por cima de qualquer um com alguma coisa entre as pernas. E olha que ele era um dos mais bonitos da faculdade, na opinião de várias das meninas de lá.

Outro fato inusitado referente a esse encontro é que eu já havia falado com ele depois de formado na faculdade e comecei a trabalhar como assessor de imprensa. Como eu nunca soube o nome dele no ano em que ficamos na mesma turma, eu não podia imaginar que o mesmo jornalista de economia com quem eu falei em 2005 e 2006 era o carinha que ia à aula de bermuda tipo surfista em 2003. Nem que seria o repórter especializado que eu viria a encontrar novamente em 2010. Esse mundo é mesmo uma bolinha de tênis, mas por uma vez eu fiquei feliz e surpreso positivamente em reencontrar esse pedaço do passado.

16 de agosto de 2010

Vacilo

Ultimamente ando com dificuldades em me concentrar no trabalho e, curiosamente, o que tem prejudicado é justamente o trabalho. Toda fase de transição é meio tensa, e o escritório deve atravessar a mais recente até o fim do ano, mas isso não torna tudo mais fácil de suportar. Junte-se a isso as exigências de estar envolvido com mais clientes, e em uma posição agora intermediária na hierarquia, e sinto-me como se estivesse pisando em ovos. Será que isso fica mais confortável com o tempo? Assim espero.

Em outra notícias, me irritei TANTO com o facebook que decidi apagar minha conta. Mas a raiva maior é comigo mesmo, que não percebi que desde que tinha reativo este blog, e posteriormente tornado público novamente, todos - todos mesmo! - os meus textos estavam indo para lá! Claro que aqui eu não posso ter uma ilusão de privacidade, mas pelo menos tenho controle e sei que quem vai ler isso terá um certo interesse, uma certa consideração em ler com atenção o que está escrito... Ou será que isso também é uma ilusão?

Só sei que tô me sentindo muito estúpido com essa história, muito triste também. Como é que eu fui dar um passo em falso desse tamanho?!

15 de agosto de 2010

Síndrome de autoconsciência

Brinquei com uma amiga, a Camila, numa ocasião em que tiramos o dia apenas pra conversar e filosofar, que sofríamos de Síndrome da Autoconsciência. Explico: essa compulsão em analisar os acontecimentos e tecer teorias a respeito deles, buscar algum sentido maior em tudo que passamos, em vez de simplesmente passar pelos dias um de cada vez. Seria muito chato, penso eu, ficar apenas reagindo aos estímulos, como que cumprindo uma programação. Tem que estar tudo ligado, a vida é cheia de concidências e lições e subcorrentes demais para ser tudo aleatório.

Não consigo acreditar e me entregar aos preceitos de nenhuma religião, então talvez isso seja o que me causa inquietação, essa falta de sentido, talvez de finalidade na vida. Quer dizer, finalidade tem uma, e todos sabemos qual é, ela chega igualmente para todos, mas o que fazer nesse meio tempo, clichê dos clichês, é onde o bicho pega. No emaranhado de contradições em que me perco cada vez mais, se enfrentam um desejo de fazer algo grandioso, de deixar minha marca no mundo, e uma vontade de viver uma vida simples, de realizar sonhos simples e encontrar aí a satisfação.

Acho que acordei exageradamente filosófico hoje, ou talvez seja o sono. Só sei que seria um tédio só não pensar nessas coisas. Mesmo que seja difícil transpor esses pensamentos pra forma escrita, registrá-los aqui, não posso considerá-los perda de tempo e de energia. Saber (ou seria mais torcer para?) que uma hora as peças vão se encaixar é o que me motiva.

11 de agosto de 2010

Busca

Quarta-feira foi dia de voltar à terapia, tentar retomar de onde eu parei. Eu me surpreendi com o quanto me fez falta durante esse mês e meio em que minha terapeuta ficou de férias - tanto que eu retomei este blog depois de 6 meses para dar vazão aos pensamentos e reflexões que se acumulavam. Foi bom para perceber o quanto eu evoluí em certas questões, e o quanto eu ainda preciso trabalhar... Mas é um processo constante para todos, não? Essa melhoria, ou pelo menos sinto que deveria ser. Vou continuar um insatisfeito por toda a vida, e o segredo é continuar mantendo isso como fator positivo para me impulsionar a realizações maiores. O céu é o limite, imagino.

Apesar de ter uma irmã psicóloga, e ter feito três meses de terapia há uns 10 anos (cada vez que me dou conta desses marcos da passagem de tempo levo um susto), pouco antes de me assumir pra mim mesmo como gay, eu mantive uma resistência enorme ao processo de lá para cá. Não porque, como me disseram algumas semanas atrás, eu ache que os amigos existem para apenas ouvir meus problemas. Isso faz parte, sim, amigos têm de estar presentes nos momentos bons para dividir as alegrias e nos não tão bons para ajudar a carregar o fardo. Mas ninguém é obrigado a absorver a todas as neuroses do outro, a menos que seja um profissional que estudou isso e possa lidar de maneira a... bem, não resolver o problema, mas pelo menos minizá-lo. E convenhamos, do mesmo modo que um personal trainer pode lhe ajudar a deixar o corpo em forma, considero o terapeuta importante para lhe deixar com a mente em forma, dentro dessas rotinas moedoras a que nos submetemos. Como dizem meus marcadores e o aforismo, "Mens sana in corpore sano". Espero estar dando os passos certos nessa minha busca pelo equilíbrio.

10 de agosto de 2010

Aparando arestas

O clima mudou um pouco hoje no trabalho, um pouco porque eu me forcei a conversar com meu chefe. Não tava me sentindo bem com essa de uma hora eu ser bom demais para chegar a gerente, na outra me passa um sermão como se eu tivesse acabado de sair da faculdade. E ser pego entre negociação de sócios também complica um bocado. Felizmente deu pra eu colocar meus pontos de maneira clara, e mais ou menos sem tremer nas bases.

Todo conflito pra mim é muito angustiante. Não tem jeito. Esses dias, durante uma reunião, ouvi uma executiva falar que de certa maneira angústia é algo bom, quer dizer que você não fica tranquilo enquanto não resolve alguma coisa, e que ser uma pessoa angustiada no trabalho pode ser um fator de qualidade nos resultados. Não sei se concordo, mas entendo o que é se sentir oprimido com as coisas mal resolvidas. Todos devem entender essa sensação, mas será que ela é dominante em alguns e em outros não? Por que será?

Retomando o ponto, mais uma vez, para mim os conflitos é que são angustiantes. Não há nada que não possa ser resolvido com educação, com paciência, com diálogo. Nada me deixa mais contente quando percebo que sou respeitado a ponto de alguém vir conversar comigo sobre algo sério. Profissional ou pessoal, é algo que me é gratificante. Por outro lado, não há desculpa para descortesia. Você apelar para a a grosseria, a estupidez, a mente pequena é o fim. E mais uma vez, no pessoal ou no profissional, justamente para evitar conflitos, prefiro cortar o mal pela raiz e me afastar de vez da fonte de conflito. Com raríssimas exceções, e com pessoas muito especiais, eu paguei pra ver, arrisquei chamar para a conversa, ou retomar o contato depois de passado um bom e longo tempo para que eu visse a situação sob uma outra ótica, e dessa maneira recuperei relacionamentos muito importantes para mim. Do resto? Como o próprio termo já implica, não sinto a menor falta.

9 de agosto de 2010

Emprego bom, emprego mau

Hoje foi uma continuação da provação que tem sido os últimos dias no trabalho. Mas qual trabalho não é uma provação? Se inventaram, eu gostaria de mandar meu currículo com urgência. Além do meu chefe que fica munido de coragem apenas atrás de um teclado, e quando está a três estados brasileiros de distância, tive que desabar da cama às 5hs da manhã para um café da manhã em um cliente novo, em uma grande corporação, naqueles escritórios chiques da Faria Lima.

Sempre fico intimidado quando vou nessas empresas. Acho que é resquício do colegial, e essa primeira sensação sempre vai me acompanhar. Procuro combater essa tendência pensando que, por mais diferentes que sejam as histórias, personalidades, capacidades, aparências, estamos todos ali, naquele mesmo momento, no mesmo lugar, então, de um jeito de outro, estou em posição de igualdade a todos lá. Mas é um esforço, sempre é. Amanhã tem outro evento, mas pelo menos saio acordo uma hora depois (6hs da manhã!) e é em um cliente que já atendo desde o começo do ano. Logo, falta praticar mais o desapego, mas eu estou trabalhando nisso.

Só retomando um pouquinho o fio da meada, eu sei que reclamo demais das coisas às vezes, mas gosto de repetir aqui que esse já é meu sétimo emprego, e tenho plena consciência de que a vida não é um mar de rosas. E, comparado ao emprego das pessoas mais próximas a mim, como minha irmã e meus amigos, é uma maravilha. Só de eu poder me assumir no trabalho, e não aguentar piadinhas de turbas de héteros, já vale aguentar muito do estresse atual. Qualquer dia crio coragem pra escrever a respeito, mas sofrer bullying nunca mais!

8 de agosto de 2010

Casa dos Horrores

Domingo é dia de nada fazer, e geralmente eu cumpro isso na risca, nem botando a cara pra fora do portão, e carregando as energias para a semana. Neste, infelizmente, tive o  desgosto de ver que uma das moradoras do quase cortiço aqui dos fundos, que tinha se mudado no começo do ano, acabou voltando. Eu nem sei como funciona a dinâmica nessa verdadeira Casa dos Horrores, mas pelo que deu pra perceber (afinal eles não falam exatamente baixinho!) parece que ela é a dona da casa. Quase chorei quando vi a mudança.

Dizem que o segredo para uma vida menos revoltada é pensar sobre o que uma adversidade pode te ensinar. Eu estou até agora tentando descobrir o que eu fiz para merecer, ou o que eu poderia talvez, quem sabe, aprender com isso. Paciência, tolerância? Se o universo conspira pra eu desenvolver essas características, poderia pegar mais leve, né?

7 de agosto de 2010

Recepções e percepções

Hoje revi um amigo de longa data que acabou de voltar para o Brasil após uma temporada na Europa. Ele não passou por muitos países, porque tinha parentes na Espanha e em Portugal, mas por alguns dias também conheceu Paris, em companhia de outra amiga. Voltou de lá maravilhado, realmente foi a realização de um sonho e pôde se ver morando lá de maneira permanente. Sinceramente, não sei se fui feito pra isso.

Deixando de lado a questão de oportunidades, o fato é que as minhas poucas viagens jamais foram bem-sucedidas. Isso criou um imenso reforço negativo para experiências semelhantes, então eu costumo dizer que morar em São Paulo já é aventurar-se demais. O que é verdade até certo ponto, porque não tem jeito de você conhecer completamente esta cidades, sempre haverá lugares pelos quais você nunca passou - e eu adoro isso. Por outro lado, tem muitos lugares do Brasil que eu tenho vontade de conhecer: a Serra Gaúcha, a Amazônia, o Nordeste, as cidades históricas de Minas Gerais, Fernando de Noronha... a lista é enorme, e o que é melhor, sem barreiras de linguagem e burocráticas.

Mas o que eu quero mesmo é voltar a Paraty, experimentar a cidade novamente, de preferência sem contratempos por imprevidência alheia. É uma cidade que eu posso dizer que é linda de muitas maneiras, as praias da região formam paisagens fantásticas, e, apesar de tudo, a primeira vez em que fui ficou marcada na lembrança como uma das raras empreitadas com boas lembranças para guardar. Este ano ainda quero programar esse necessário retorno!

6 de agosto de 2010

Manifesto

Daí que tive um momento de epifania nesta quinta para sexta-feira. Já tinha conversado sobre isso no fim de semana, mais um pouquinho agora ao longo desta, e a coisa meio que me atingiu feito um raio. É, basicamente, deixando de lado a modéstia, eu sempre enfio na cabeça que eu teria sorte de ficar com fulano, que bom seria se namorasse beltrano, e assim por diante. Mas poxa, eu até que sou um bom partido! Tenho um bom trabalho, sou bom naquilo que faço, tenho um bom papo, estou cuidando do corpo. Não tenho grandes problemas de saúde, minha família não é impecilho, não estou no armário nem em casa nem no trabalho. Tenho poucos e bons amigos, cuido do corpo, cuido da mente. Apesar da grana não sobrar, pelo menos dá pra curtir as coisas boas da vida, ainda que moderadamente. E isso ainda não é o bastante? Não, chega, cansei. O amor que me encontre agora, que eu tenho mais o que fazer.

5 de agosto de 2010

Pragmático

Pelo visto eu deixei de lado uma outra característica que anda muito em voga, que é ter muito papo, e pouca ação. E nem posso falar muito, porque mesmo na minha família (e bem próxima) tem gente assim. Sabe? O tipo que faz e acontece, mas na hora H o que importa é manter as aparências de civilidade e continuar o show. O teatro seria muito mais rico com tantos artistas não descobertos que se encontram por aí, sem ter ideia - e às vezes tendo até demais - dessa vocação. Não digo que estou isento de participar desse jogo, mas ao menos procuro admitir que há situações em que você precisa, sim, ser político, e ficar alardeando o contrário não adianta nada, você só passa por contraditório, ou pior, hipócrita.

Colocando os pingos nos Is, aconteceu que os chefes sentaram, conversaram e, pra variar, não muda nada. Continua tudo como esteve nas semanas anteriores, apenas algumas penas arrepiadas, pelo menos por mais um tempo. A única coisa boa disso tudo é que saí com o meu papel reforçado na empresa, que é meu objetivo do momento. Com o mercado de trabalho do jeito que anda, e agora que finalmente estou prestes a colocar minhas finanças em ordem, qualquer estabilidade é melhor do que nada.

Já que não existe emprego perfeito, pelo menos dá pra continuar podando os aspectos de que não gosto no atual, e aproveitar os que eu mais gosto. Se não for pra fazer isso, ir moldando o ambiente ao mesmo tempo em que me moldo a ele, what's the point?

4 de agosto de 2010

Inversão

Mais um dia meio enviesado, ao contrário. Mas pelo menos algumas das coisas começaram a entrar nos eixos. Será efeito da tal cruz cardinal que pair nos céus sob nossas cabeças? Pode ser. Pelo menos caiu o tão suado dinheiro, consegui resolver minhas pendengas mais urgentes, e alguns elogios de clientes foram providenciais para tanto. Algumas nuvens se aproximam no horizonte, pelo menos no que se refere à tal Parceria dos sócios (coisa que nunca dá certo por muito tempo, na minha humilde opinião). Já vi sociedade mesmo entre irmão, na família da minha mãe, que afundaram e geram ressentimento até hoje. Será que existe exceção?

Acho que todo mundo está tão acostumado a olhar para o próprio umbigo, a se vangloriar, que não pode nem conceber a ideia de olhar para o outro, colocar-se no lugar do outro, enfim, dar o braço a torcer. Hoje em dia confundem teimosia com convicção, e grosseria com assertividade. Desse jeito não vejo muito esperança, e fico cada vez mais desgostoso, não só com o mercado de trabalho, mas vendo que essa é a tônica das relações humanas em geral. Será cinismo? Ou apenas uma pausa de otimismo que me ocorre de vez em quando?

3 de agosto de 2010

Botando o ordinário no extraordinário

Então hoje foi um dia atípico. Teve um evento logo pela manhã, que eu estava esperando e um pouco tenso. Ainda com clientes, potenciais clientes, executivos, chefes e ex-colegas, foi o que bastou pra me deixar com um calombo nas costas de tanto que eu estava travado. Acho que foi até que bom, embora eu não tenha como evitar comparar com o ano anterior. Mas isso é neura da minha cabeça.

E ainda teve meu chefe, que devia estar irritado lá na cidade dele, e vem metralhando emails mal educados para todos. Acho isso de uma falta de bom senso atroz. OK, se ele está puto, todo mundo tem seus dias, mas atrapalhar o serviço de quem está longe só pra descontar a raivinha é demais pra minha cabeça. Estou apelando pra todas as reservas de paciência que eu tenho pra engolir esses sapos. Por enquanto está rolando, só espero que ele não continue muito nessa vibe. Vamos ver, amanhã ele já estará aqui em São Paulo, quem sabe o ar poluído da cidade não ajude a esfriar os ânimos.

Fechando o dia com chave de ouro, fica a descoberta de uma burrada sem tamanho. Quer dizer, não sei se foi muito burrada, porque tecnicamente eu não sabia... Resumidamente, recomecei a postar aqui me dedicando mesmo ao espaço, depois tornei a deixar o blog público, tudo muito interessante... Até que percebi que ele estava sincronizado (ou seja lá qual for o termo) com o facebook. E tudo estava lá, exposto pra quem quisesse ler, inclusive o post em que eu falei de reencontros, sabe? Quis morrer, quis que o chão se abrisse e me engolisse, a despeito de estar no 2º andar de um prédio de escritórios. O pior é que eu só percebi isso por causa de um comentário justamente no post em que eu falei do meu pseudoencontro. Aquele que foi sem nunca ter sido. Urubu quando dá azar...

2 de agosto de 2010

Um bloqueado, um não-liberado

Daí que, no afã de resolver os meus problemas bancários recorrentes, resolvi mudar minha conta de agência, do Brooklin (olha ele aí de novo!) pro Itaim, onde trabalho agora. Só que esqueceram de avisar que OS DOIS cartões ficam bloqueados até completarem a mudança, em 5 DIAS ÚTEIS! Resultado: estou com minha conta paralisadinha da silva, hoje tive que me contentar em comer só o almoço e olhe lá. Isso porque eu levei comida de casa. Por um lado foi bom, porque mantive meu controle sem exagerar na última semana que vem, coisa que sempre me pega. E vou poder colocar ainda mais nos trilhos minha conta e começar a pensar grande. Mas que é um transtorno, é.

Ontem mesmo no shopping, minha mãe esqueceu de levar os cartões dela (isso se não tirou da bolsa de propósito também pra controlar os gastos), e com aquele frio que saiu não se sabe de onde, resolvi comprar uma blusa bonitinha que vi na loja. Mas quem diz que a loja aceitava cheque? Daí que meu cartão não passou, porque está vinculado à conta. Voltei congelando. Fim :-)

Benefício indireto mesmo foi o frio ter servido pra acabar com o churraishco dus vizinhu mais cedo, quando chegamos aqui (eu roxo de frio), já estava tudo na mais santa paz. Amém!

1 de agosto de 2010

Domingão

Hoje foi dia de faxina, afinal de contas quem mora na casa tem que contribuir para mantê-la, certo? Pelo menos aqui isso mais ou menos funciona, embora eu admita que poderia fazer mais. Pelo menos não sujo tanto e recolho as minhas coisas. O espinho nesse dia foi o retorno das festas do vizinho dos fundos, pra meu terror e desespero. E olha que há meses estava sossegado. Mas eles meio que fizeram uma divisão na casa que dá fundos para a minha janela, onde moram umas três ou quatro famílias - um cortiço na verdade, mas nada de exótico como o livro de Aluísio Azevedo. Foi só a família da "casa" maior se mudar, que o pessoal do fundão aproveitou pra chamar a parentada e fazer um churrasco. Até aí, tudo bem, mas churrasco de domingo é igual a som com forró brega no último volume. E tem sido assim desde que mudamos para cá, há quatro anos.

Mas hoje em dia eu aprendi a conviver, na medida do possível, com esse karma ruim. Quantas vezes já berrei, discuti com minha família, já descobri o telefone deles para ligar reclamando, já chamei polícia (não recomendo, é inútil). Uma vez cheguei ao absurdo de pegar um ovo para tacar no quintal deles. E para quê? O que isso resolveria? Absolutamente nada. Hoje em dia prefiro pegar minhas coisas, sair, dar uma volta e comprar algumas coisas no shopping, até voltar e estar tudo em paz novamente. Não é conformismo, tenho plena convicção de que eles ainda vão encontrar alguém mais casca grossa ou um dia ainda vão reclamar do barulho alheio. Mas minha paz de espírito e a convivência aqui é mais importante.

E olha que, com a mudança de tempo em São Paulo nesta tarde de domingo, antecipamos a volta para casa, e eles já estavam limpando e acabando a festa. Não se faz mais zorra como