24 de março de 2011

Karma Chameleon

É muito difícil encarar uma tarefa que não se quer realizar, que não dá pra transferir, que não dá pra adiar. A gente se sente meio que bicho acuado, e comigo não é diferente. Não é de hoje que eu reclamo do barulho dos vizinhos, e em terapia pude identificar que uma das coisas que me incomoda na real é o fato de eles agirem como se o mundo ao redor não tivesse importância - o universo deles acaba nos muros que separam a casa deles das outras, e o resto que se dane. Ou, pelo menos, tem sido assim nos últimos quatro anos.

Uma das surpresas quando eu voltei de viagem na semana passada foi a de que o quarto ocupado pela pior dessas vizinhas (acho que era alugado) estava vazio. Como minha irmã não prestou atenção, não sei ao certo se ela se foi de vez - rezo para que sim, para que ela tenha encontrado um lugar bem melhor e não volte para essa região da cidade nunca mais! Nunca mais ter de ouvir essas músicas horrorosas que ela colocava nos piores horários já será, de fato, um ganho enorme.

O problema é que ela já me deixou traumatizado, e a dona da casa onde ela mora pode inventar de colocar alguém ainda pior no lugar. Pra completar, desde o início do mês ela iniciou a construção de um outro patamar na casa, e os pedreiros chegam pontualmente às 7hs todo. santo. dia. Bem no horário em que estou levantando.

Enfim, para resumir, enquanto estava viajando vi uma matéria sobre a possibilidade de se denunciar obras ilegais para a prefeitura - já que toda reforma ou construção precisa de um alvará de autorização, emitido a partir do projeto de um engenheiro ou arquiteto. Minha dúvida, até semana passada, era se eu devia de fato denunciar essa obra. Claro que a vingança, o troco de poder mostrar a eles que as coisas têm consequências nessa vida, é o que mais me motivava, mas ao mesmo tempo tinha o receio de alguém descobrir que fui eu e retaliar - não só em mim, como em minha mãe ou minha irmã, que moram comigo. Quase desisti - como ocorre com quase tudo em minha vida, aliás.

Até que, nesta quinta-feira, decidi que ia até o fim. Fui até a subprefeitura e denunciei. Não conseguiria ficar em paz sabendo que poderia ter feito algo para impedir algum acidente, ou até para ir à forra mesmo, olhando pelo lado menos nobre da questão. Foi uma vitória pesssoal, fazer isso sem falar para ninguém, sem pedir opinião de ninguém, sem ouvir conselhos ou envolver ninguém na história. Agora me resta esperar, mas posso dizer que fiz minha parte. Agora, cabe a Deus, ou destino, ou qualquer coisa que esteja aí maior e em nossa volta, decidir qual será o próximo lance nessa história.

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