17 de setembro de 2007

A Maioria Silenciosa

Vou falar aqui do primeiro comentário neste blog, pois foi uma surpresa muitíssimo agradável e é uma ocasião para se registrar. Ainda mais vindo de um site que eu admiro há tanto tempo e com um conteúdo tão bacana como o Sete Ventos. E chega de rasgação de seda, pois pode perder a graça.

Esses comentários que nos surpreendem me lembram dois textos de autoras que eu amo e que eu sempre considerei grandes verdades. Bom, o segundo nem tanto, mas vamos a isso depois.

Um dos textos é da escritora norte-americana Marion Zimmer Bradely, famosa pelo romance As Brumas de Avalon, que conta a lenda arturiana pela perspectiva das personagens femininas. Mas o texto em questão está em um livro da coleção Darkover (guarde este nome, ainda falo dele em outro post). É um prefácio, em que a autora argumenta a sua des-preocupação com a cronologia da série, em favor dos leitores que possam não ter lido todos os romances e também da melhor coesão do romance. Eu particularmente acho que foi mesmo uma resposta para aqueles chatos de plantão que gostam de procurar defeitos na obra alheia. De qualquer forma, o que ficou do texto, para mim, foi: "... cada opinião manifesta de um leitor corresponde a 100 outros que permanecem sem se manifestar...".

O outro é de Agatha Christie, a Rainha do Crime inglesa, que escreveu em Por Que Não Pediram a Evans que os personagens que ela cria são dela e de mais ninguém, não correspondem a ninguém do mundo real. Isso porque ela pode pegar uma frase, um rosto, um local, e recriá-los no contexto de um romance, mas esse elemento passa a fazer parte do mundo dela, concebido por ela.

Resumindo bem a Ópera, acho que todo blog tem um pouco disso. Acho estranho os autores que reclamam da falta de comentários, como se as pessoas fossem obrigadas a deixar a marca de que passaram por aqui. Acho que a internet está longe disso. A outra estranheza é os autores enfiarem goela abaixo sua opinião, como se fossem os Donos da Verdade, já dizia a minha avó. Gente, qualquer aluno de comunicação (espero!) sabe que a mensagem depende muito mais de quem a recebe do que de quem a emite. Ninguém nunca vai entender a mesma coisa a partir de um texto. Pode haver identificação (ou não) e isso pode gerar uma aproximação (ou não!), mas até isso é fluido...

Enfin, toda essa enrolação filosófica.. coff... foi para dizer obrigado aos visitantes (espero que haja mesmo uma centena de tímidos, rs...). Mas se não houver também, tudo bem. Um dia a gente se esbarra por aí.

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