24 de julho de 2010

4 anos depois.

Hoje faz 4 anos que o meu pai morreu. É difícil escrever essa frase, não gosto muito de falar nem de escrever sobre isso, nem com meus amigos, nem com a terapeuta, nem aqui em casa a gente fala diretamente no assunto. É compreensível, de certa maneira. Se eu já tenho um problema em lembrar demais das coisas ruins do passado, da infância e adolescência, que dirar de um acontecimento tão devastador quanto esse, tão recente. Às vezes estou andando pela rua, pensando em outra coisa, planejando o dia, ou repassando o dia, e bam!, lá estão as memórias de novo. Foi uma noite de pesadelo.

Hoje em dia ficou mais fácil lidar com isso, enfrentar a culpa que eu sinto (não sei se justificada ou não) por não ter feito nada que pudesse ter impedido. E, com esse problema de controlar a imaginação que eu tenho, também me pego perdido no mundo do "E Se..." muitas vezes. Mudou coisa demais... É duro de enfrentar. E a culpa (sempre ela!) também existe por reconhecer que melhoramos, aqui em casa, em certos aspectos. Sobreviver a essa avalanche nos tornou mais capazes, mais sensatos, menos perdulários, melhores na convivência. Claro, brigas sempre existirão, mas o conhecimento de que nada, nada dura para sempre é grande demais pra ignorar. Isso deixa as situações e os problemas menores em comparação.

Parece que tudo que eu almejo, tudo que eu faço, tudo de que eu me lembro e o que sinto vai estar sempre dividido, gostaria muito de que não fosse assim. Mas não é. Então tudo que eu posso esperar é que eu um dia possa conviver com isso em paz. Será que é manter as expectativas em alta demais? Estarei eu condenado a essa eterna frustração?

2 comentários:

Davi Arloy disse...

Bom texto, gostei do blog ;)

Antonio de Castro disse...

sinto muito pelo seu pai.

a vida segue, né?
e é melhor não se apegar a essas histórias de culpa

culpa é a mais inutil das emoções.